Terceira Casa?

No mapa astral, a Terceira Casa é o setor das comunicações e expressões,
textos, falas e pensamentos. Sobre o quê? Sobre si mesmo, sobre o mundo ao
redor, sobre tudo. É isso aqui.







sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Top five emocional

Nivaldo Pereira
Crônica publicada no Pioneiro, 05/11/2010

Qual o filme que eu mais gosto? Ah, mas são tantos, tantos, cada um ilustrando uma vereda de meu ser múltiplo. Os filmes grudam em mim por motivos tão distintos, que apontar alguns pressupõe definir uma rota íntima. Então, faço aqui um top five emocional: os cinco mais, no quesito nocaute. Filmes que me deixam estraçalhado, caído no chão, mas absolutamente siderado do demasiado humano.


Um. Era uma Vez na América, a obra-prima derradeira de Sergio Leone. Vi pela primeira vez no cinema, lá por 1985. Um baita épico sobre gângsteres, infância pobre, amizade, amor, poder, vingança, culpa, redenção. Por detrás da grandeza narrativa e da violência, há nuances de extrema delicadeza, sob a trilha perfeita de Ennio Morricone. Eu amo amar esse filme.


Dois. Ondas do Destino, de Lars Von Trier. Deus, amor e desejo se confundem na frágil cabeça de uma mulher (Emily Watson, divina) numa vila escocesa de petroleiros. O sórdido e o sublime se alternam na voltagem dramática peculiar de Von Trier. Os temas cristãos da expiação e do sacrifício encontram uma leitura criativa e chocante. Sempre termino aos prantos.


Três. Paisagem na Neblina, de Theo Angelopoulus. Na Grécia, um menino e sua irmã pré-adolescente fogem em busca do pai que nunca conheceram. Qual moderna odisséia, encontram dor e ilusão por estradas nevoentas. As cenas com um grupo de atores mambembes são de uma poesia lancinante. E o final? Nunca sai da gente.


Quatro. A Estrada da Vida, de Federico Fellini. A relação da singela Gelsomina (Giulietta Masina) com o brutamontes Zampanò (Anthony Quinn) em apresentações circenses pelo interior rende momentos iluminados da história do cinema. Personagens arquetípicos, emoções viscerais e mais a trilha de gênio de Nino Rotta: eis o meu Fellini preferido.


Cinco. A Liberdade é Azul, de Krzysztof Kieslowski. Se a vida tira pedaços, se a realidade aniquila, também é do humano renascer, nem que seja preciso fazer soar cada nota da dor de que se tenta fugir. Poucas vezes o cinema foi tão certeiro em desfiar as dobras de nosso coração. Um filme-sinfonia sobre a vida, para sempre.

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