Terceira Casa?

No mapa astral, a Terceira Casa é o setor das comunicações e expressões,
textos, falas e pensamentos. Sobre o quê? Sobre si mesmo, sobre o mundo ao
redor, sobre tudo. É isso aqui.







domingo, 23 de outubro de 2011

Sopa de letrinhas como aperitivo


Nivaldo Pereira

Crônica publicada no Pioneiro, 14/10/2011

“Picasso pediu a Gertrude [Stein], em 1907, que posasse para ele. Gertrude aceitou. Passou 54 dias posando e, quando o retrato ficou pronto, Gertrude se queixou: ‘Pablo, esse retrato não se parece comigo’. Ele respondeu: ‘Não se preocupe. Um dia, você é que se parecerá com ele.’” O leitor apaixonado, de Ruy Castro, página 195.

“E Marilyn [Monroe] deixou de ser mulher. Era a folhinha. Nunca perdeu a obsessão da própria nudez. Quando pensou em se matar, teve que se despir para morrer. Morreu nua, morreu folhinha.” A cabra vadia, de Nelson Rodrigues, página 293.

“Depois de muito voar por muitas terras e reinos, avistou o pé de árvore na frente de um grande palácio; o Vento logo de longe foi dizendo: ‘É ali; agarre-se nos galhos, senão eu a levo para o fim do mundo.’ Assim a moça fez; agarrou-se num galho de árvore, e o Vento seguiu.” Contos populares do Brasil, de Sílvio Romero, página 7.

“Há uma outra maravilha [no país de Cocanha]: a Fonte da Juventude que rejuvenesce homens e mulheres. Qualquer homem, por mais velho e pálido que seja, qualquer mulher, por mais velha que pareça com seus cabelos brancos ou grisalhos, retornará à idade de trinta anos (é a suposta idade do começo da pregação de Cristo).” Heróis e maravilhas da Idade Média, de Jacques Le Goff, página 150.

“Meu pai era pedreiro. Por causa da neve não podia trabalhar. Sua argamassa congelava antes de aderir, e seus dedos eram como varetas desajeitadas. Mas era um homem de atividade incessante, tinha de fazer alguma coisa, e o lento arrastar dos dias o exasperava e fazia dele um homem perigoso dentro de casa.” O vinho da juventude, de John Fante, página 23.

“Seu remédio era o canto. Recostada na cabeceira da cama, debaixo do crucifixo, a mãe exorcizava a dor. E as canções de despedidas, de amores perdidos, de momentos partidos, preenchiam o silêncio. E mudos, com os pensamentos encharcados de perguntas, os filhos escutavam os gemidos em forma de música e aprendiam a cantar.” Vermelho amargo, de Bartolomeu Campos de Queirós, página 50.

Querem mais? Sirvam-se da refeição completa nos livros!

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