Terceira Casa?

No mapa astral, a Terceira Casa é o setor das comunicações e expressões,
textos, falas e pensamentos. Sobre o quê? Sobre si mesmo, sobre o mundo ao
redor, sobre tudo. É isso aqui.







sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Folhas de magia


Nivaldo Pereira
Crônica publicada no Pioneiro, 15/10/2010

Um pouco mais de magia na vida. É talvez o que precisamos, nesses tempos de apatia. Taí, gostei: contra apatia, magia! Quem sabe, assim possamos resgatar o encantamento, o entusiasmo pela vida. Não falo de magia como feitiço ou bruxaria, numa esfera religiosa, mas no sentido de disposição para a surpresa. Um pequeno susto bom, um abrir de olhos, um riso discreto, uma parada no passo, qualquer reação nova ante o inédito de quando ousamos mudar de rumo – isso é magia.

Essa miúda alteração de humor, ainda que não passe de sutil tropeço na rotina, pode desalojar velhas estruturas internas, afrouxar a sisudez da alma e do corpo, abrir para o viver mais leve. Pois só na leveza podemos experimentar delicadezas que transformam, feito afago de asa de anjo. Somente quando os olhos se abrem mais, ou mudam de foco, e o coração se expande nalguma súbita alegria, somente aí a magia cumpre seu papel final de derramar em nossas cabeças uma chuva dourada de entusiasmo.

Mas ok, leitor, você pode argumentar que não se pode sair por aí, ruas afora, em busca de pequenas epifanias. O mundo está complicado, perigoso até. Eu concordo, mas replico que há livros, livros à mancheia, tesouros guardados convidando a súbitas paisagens dentro e fora da cabeça. Livro é ponte, passagem para outros mundos. Não é à toa o passaporte ser um documento em forma de livro. Ainda não inventaram nada melhor que o livro para acender idéias e nos fazer ascender aos céus do existir.

Esta crônica, sobre livros e leituras, é um exemplo do que estou a defender. Há vários anos, criei o hábito de sempre escrever sobre esse tema durante a Feira do Livro de Caxias do Sul. Criei uma rotina, mas faço por onde a magia entrar: que cada texto seja diferente dos anteriores, no tom, na abordagem; que seja divertido para mim escrevê-lo, que tudo seja leve e positivo. Ah, e na fé de que meu prazer vai contaminar você, leitor.

Então, amigo, ainda tem Feira do Livro neste final de semana. Compre um passaporte para algum outro mundo. Entregue-se à viagem da leitura. O resultado, em sabedoria e emoção, será pura magia.

Um comentário:

  1. Nivaldo como leitora sua crônica me contaminou,caiu de para queda num momento que me encontro,ando viajando e também lendo (Conversa na catedral, de Vargas Llosa).
    Realmente ler é entrar no universo e visitar os lugares dos livros, é encontrar neles uma fórmula de se encantar de novo,de fato uma magia, distante dos nossos olhos mas perto do coração.

    Beijos meu amigo.
    Madá

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