Terceira Casa?

No mapa astral, a Terceira Casa é o setor das comunicações e expressões,
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redor, sobre tudo. É isso aqui.







sábado, 11 de setembro de 2010

Perséfone vem aí


Nivaldo Pereira
Crônica publicada no Pioneiro, 28/08/2009

Acordo com o chilreio animado de um pardal no telhado vizinho, adivinhando primavera. Isso já aconteceu antes, já falei disso. E eis tudo de novo, a repetição de ciclos que dá ordem à vida e nos protege do caos. Se ouvissem esse meu pardalzinho matinal, os antigos gregos diriam: Perséfone está voltando para casa e Deméter mostra sua alegria na natureza. O mito que envolve essas personagens, embora doloroso, é carregado de poesia. Vale a pena recontá-lo, agora que o sol transita em Virgem e foca nossa atenção nas etapas naturais.

Pois bem. Deméter era a deusa da terra cultivada. Regia as plantações e as colheitas, o trigo e a arte do pão. Tinha uma filha única, a mocinha Core, a quem adorava. Mas essa adolescente já havia despertado o desejo do sombrio Hades, ou Plutão, deus do mundo subterrâneo, senhor de maneiras nada gentis. Certo dia, enquanto brincava na campina, Core foi atraída por uma flor, um narciso. Mal tocou na flor, a terra se abriu, dela saindo Hades em sua carruagem negra, raptando Core para o além. Um grito da filha: foi só o que Deméter ouviu. No reino de Hades, este logo garantiu sua união com a jovem, estuprando-a. E Core virou Perséfone, rainha do mundo dos mortos.

Acontece que Deméter ficou inconsolável com o sumiço da filha. Abandonou o Olimpo e vagou pelo mundo, maltrapilha, procurando, procurando, ninguém sabe, ninguém viu. Com tanta dor e tristeza, a terra foi ficando arrasada, nada mais crescia, a fome grassava. Deus dos deuses, Zeus resolveu intervir. Foi procurar Hades, seu irmão, que não quis conversa. Negocia daqui e dali, a vida em perigo com a depressão da mãe-terra, Hades consentiu num acordo. Uma parte do ano, Perséfone ficaria com a mãe, e outra parte, com ele, o agora marido.

Assim, a cada outono, Deméter chora a descida de Perséfone para o mundo dos mortos; a natureza se torna melancólica, até o frio do inverno. Mas, na primavera, é tempo da alegria do reencontro de mãe e filha, e tudo parece sorrir de contentamento. O pardal no telhado vizinho também parece saber por instinto desse tempo e faz festa para Perséfone.

2 comentários:

  1. Nivaldo já tive o prazer de ler a sua crônica “Perséfone”, fico encantada e atraída pela fantasia, assim ocorre o ciclo das estações,tudo volta a brotar,iniciando a primavera- a mãe terra cobre a terra de flores e os pássaros comemoram.
    Beijos meu querido!
    Madá

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  2. "Vou voltar na primavera
    E era tudo que eu queria
    Levo terra nova daqui
    Quero ver o passaredo
    Pelos portos de Lisboa
    Voa,voa que eu chego já
    Ai se alguém segura o leme
    Dessa nave incandescente
    Que incendeia a minha vida
    Que era viajante lenta
    Tão faminta da alegria".
    Beijos. Madá

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