Terceira Casa?

No mapa astral, a Terceira Casa é o setor das comunicações e expressões,
textos, falas e pensamentos. Sobre o quê? Sobre si mesmo, sobre o mundo ao
redor, sobre tudo. É isso aqui.







sábado, 6 de agosto de 2011

Mr. Allen


Nivaldo Pereira
Crônica publicada no Pioneiro, 22/07/2011

Há quanto tempo adoro Woody Allen? Talvez desde meus 13, 14 anos, quando vi na televisão, numa seção coruja, o filme A Última Noite de Boris Grushenko, que é de 1975. Ainda na adolescência, sempre na tevê, conferi Bananas e O Dorminhoco. Fiquei mais que fã daquele cara irreverente, com seus inconfundíveis óculos, seus cabelos desgrenhados e um perfil entre o inteligente sutil e o trapalhão. Desde então, não perco um filme seu. Agora que assisti no cinema o mais recente, Meia Noite em Paris, percebo que sigo gostando demais dele. Aliás, em tempos de relações tão instáveis, chego a gostar mais de mim mesmo por sustentar há tanto tempo a mesma afeição devotada pelo Woody.

Não quero aqui fazer resenha de Meia Noite em Paris, pois sou suspeito, vou jogar confetes, um saco de confetes. Saí do cinema com uma idéia primeira para esta crônica: imaginar em que época da história e com que personagens eu gostaria de passar umas noitadas, na magia de viajar no tempo ao badalar de algum relógio à meia noite. No calor do filme, cheguei em casa e me atraquei no livro Conversas com Woody Allen, de Eric Lax, que aguardava minha atenção na estante há meses. São anos de entrevistas com Woody, sobre seu processo criativo, sua vida, seus amores, tudo, enfim. No livro vou conhecendo o homem por detrás do personagem, o trabalhador disciplinado por detrás da pinta de neurótico. Woody Allen é mais sério do que deixa transparecer!

Eu que sempre me perguntava como ele tira da cabeça tantas boas sacadas para fazer um filme atrás do outro, descobri no livro um fato notável: Woody anota todas as idéias que tem, todas mesmo, e as guarda numa sacola. Feito mágico, vive de tirar dessa cartola improvisada as cenas imaginadas muito antes. Cruza uma com outra, junta essa com aquela, e imagina que história pode acontecer. Uma idéia só cai fora quando realizada. Então o que eu pensava ser mera genialidade tem alta dose de rigor e cuidado?

Oh, acabou o meu espaço! Mas, lição aprendida, a idéia original para esta crônica está devidamente anotada. Qualquer dia puxo ela da caderneta. Thanks, mestre Allen.

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